Pensamentos
Soneto do Amor Total
Amo-te tanto, meu amor ... não cante
O humano coração com mais verdade ...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Vinícius de Moraes
Soneto de Separação
De repente do riso fez-se o
pranto
Soneto de Separação
Silencioso e branco como a
bruma
E das bocas unidas fez-se a
espuma
E das mãos espalmadas fez-se o
espanto
De repente da calma fez-se o
vento
Que dos olhos desfez a última
chama
E da paixão fez-se o
pressentimento
E do momento imóvel fez-se o
drama
De repente não mais que de
repente
Fez-se de triste o que se fez
amante
E de sozinho o que se fez
contente
Fez-se do amigo próximo,
distante
Fez-se da vida uma aventura
errante
De repente, não mais que de
repente
Vinícius de Moraes
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Soneto da Felicidade
De tudo ao meu amor serei
atentoAntes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior
encanto
Dele se encante mais meu
pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão
momento
E em seu louvor hei de espalhar
meu canto
E rir meu riso e derramar meu
pranto
Ao seu pesar ou seu
contentamento
E assim, quando mais tarde me
procure
Quem sabe a morte, angústia de
quem vive
Quem sabe a solidão, fim de
quem ama
Eu possa me dizer do amor (que
tive):
Que não seja imortal, posto que
é chama
Mas que seja infinito enquanto
dure.
Vinícius de Moraes
Assinar:
Postagens (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário